No último fim de semana, após Hernán Crespo interagir com uma publicação do SPFC 24 Horas no Twitter sobre os treinadores estrangeiros que foram campeões pelo São Paulo, muitos torcedores foram pegos de surpresa com um nome desta seleta lista que conta com apenas 5 personagens.
Em algumas interações, havia desconhecimento da passagem de Béla Guttmann pelo Tricolor, um dos maiores nomes da área técnica são-paulina e um dos maiores treinadores que o futebol já teve.
Béla Guttmann nasceu em Budapeste, na Hungria, em 27 de janeiro de 1899, vindo de uma família extremamente humilde, como eram a maioria das famílias no leste europeu na época. Filho de judeus, foi criado pelos pais para ser apaixonado pela dança. Porém, na sua adolescência conheceu o futebol, que havia acabado de chegar naquelas terras.
Em 1917, Guttmann conversou com seus pais e, apesar da resistência deles, decidiu abandonar o ofício de professor de dança para jogar futebol, conseguindo uma oportunidade no Törekvés, onde se tornou jogador profissional e atuou até 1919.
Béla Guttmann atuou por diversos clubes da Áustria e dos Estados Unidos, além da própria Seleção da Hungria, naquela época, uma das mais fortes do mundo, e decidiu se aposentar em 1933.
Neste mesmo ano, decidiu se aventurar como treinador. Em uma de suas experiências, no Honvéd, teve um emblemático confronto com Ferenc Puskás, quando Guttmann decidiu tirar um jogador da sua equipe de campo, e Puskás, que era o capitão, ordenou que seu companheiro seguisse no jogo. No final da partida, Béla acabou pedindo demissão no vestiário.
Em 1957, Béla Guttmann desembarcou no Brasil. Assinou com o São Paulo mediante o cumprimento de uma exigência: a contratação do meia Zizinho. na época já com 35 anos e que era declaradamente ídolo do Rei Pelé.
No São Paulo, Béla Guttmann conquistou o Campeonato Paulista de 1957. Inclusive, a passagem do húngaro pelo Tricolor teve total influência na conquista da Copa do Mundo de 1958 pela Seleção Brasileira, já que o time foi comandado por Vicente Feola, que era auxiliar de Guttmann no São Paulo e acabou absorvendo todas as filosofias táticas do europeu. Montou a equipe com o 4-2-4 que havia aprendido. Didi era o diferencial tático do time. Zagallo recompondo o meio-campo e dando liberdade para Nilton Santos atacar pelo lado esquerdo também era novidade. No esquema de Guttmann executado por Feola, o Brasil contou com grandes atuações de Didi, Pelé, Garrincha e Vavá. Assim, a nossa Seleção conquistou o mundo pela primeira vez, na Suécia.
Desde aquela época, circula uma lenda de que Béla Guttmann teria indicado a contratação de um jovem e franzino jogador descoberto em Moçambique, chamado Eusébio da Silva Ferreira. Porém, os dirigentes tricolores não teriam visto com bons olhos a contratação da aposta e vetaram. Assim, Guttmann só conseguiu contar com Eusébio em 1960, quando já estava no Benfica.
Béla Guttmann faleceu em 1981 na Áustria, e em 2019, foi nomeado pela revista francesa France Football como um dos 50 maiores treinadores da historia do futebol. De fato, um dos maiores nomes da história do esporte e do São Paulo Futebol Clube.
Caio Felix
caiofelixjornalista@outlook.com