O técnico Dorival Júnior teve de se explicar novamente após mais um resultado ruim do São Paulo no Campeonato Paulista. Neste domingo (25), diante de pouco mais de 11 mil torcedores, o Tricolor não saiu do 0 a 0 com a Ferroviária, segue com dificuldades para desgarrar no Grupo A da competição e ainda por cima vê a pressão em cima de seu treinador crescer cada vez mais.
Na entrevista coletiva, concedida na sala de imprensa do Morumbi, Dorival Júnior pouco falou do jogo deste domingo, válido pela nona rodada do Paulistão. A grande maioria dos questionamentos dos repórteres foi em torno de sua permanência ou não no comando do São Paulo e da situação complicada que o clube vive.
Dorival começou garantindo sua permanência por enquanto, dizendo que é o treinador do São Paulo e que após a partida nada ocorreu diferente, não recebeu nenhum sinal da diretoria ou dos próprios jogadores. O treinador fez questão de ressaltar que não está no seu limite e ainda vê a equipe com grande potencial para evoluir.
“Ano passado confiaram no meu trabalho […] Agora temos que ter paciência, sei que tenho capacidade de fazer esse time chegar mais longe. Continuo acreditando muito em um caminho bom para o São Paulo neste ano”
Cultura do futebol
Por diversas vezes, Dorival foi questionado sobre a cultura do futebol brasileiro em não ter paciência com técnicos e como ele enxerga isso. O comandante são-paulino não se omitiu da responsabilidade sobre o baixo rendimento técnico da equipe neste ano, mas acredita que com a continuidade do trabalho o time vai evoluir.
Dorival também desabafou dizendo ver muitas pessoas defenderem a continuidade dos técnicos no Brasil, mas sem tomar atitudes que condizem com tal pensamento.
A respeito das vaias, o técnico não entrou em polêmicas e disse que, com exceção dos protestos nas substituições, enxergou uma torcida que apoiou o time nos momentos mais delicados. Também afirmou ser normal a pressão em cima do treinador quando os resultados não vêm e novamente falou sobre a cultura brasileira de demitir técnicos.
“Parece que é prazeroso ver mudança de treinador no brasil. É a satisfação de todo mundo, que na segunda feira seguinte se passe a buscar uma nova vítima”
Sobre o jogo
Sobre as alterações que realizou ao longo da partida e que geraram xingamentos de “burro” vindos da torcida, Dorival explicou que não queria desfazer o meio de campo com Hudson e Petros, que estava combatendo bem o adversário e infiltrando nas triangulações. Por isso tirou Diego Souza para colocar Tréllez. A troca de Valdívia por Nenê foi por questão física, pois ao seu ver o camisa 7 são-paulino poderia dar mais gás ao time substituindo Valdívia que já estava cansado.
Dorival disse ter gostado do desempenho do São Paulo com muitas chances criadas e ao menos quatro grandes defesas do goleiro da Ferroviária. Isso, para o treinador, é fruto de um trabalho que vem sendo realizado, mesmo que de forma lenta e gradual.
Perspectivas futuras
Novamente, o treinador lamentou o calendário e o pouco tempo para treinar e atribuiu as dificuldades iniciais do time ao cansaço e pouco entrosamento.
“Calendário penaliza quem precisa de tempo para fazer acertos. Futebol é um palmo entre céu e inferno, estávamos bem semana passada, mas perdemos para o santos e foi o fim do mundo”
Ele também fez um pedido.
“Cultura do futebol com os treinadores é perniciosa há 25 anos. Deixem o treinador trabalhar o seu time, cobrem nos momentos de definição dos campeonatos”
Por fim, Dorival ressaltou novamente que crê em seu trabalho e em uma melhora da equipe ao longo da temporada.
“Esses resultados no Paulista não mostram o potencial da equipe. Ainda não rendemos tecnicamente o que esperamos, mas é natural, pois precisamos de trabalho. Atingiremos os objetivos desde que tenhamos paciência e equilíbrio”
Dorival resiste no cargo até quarta-feira?
Álvaro Logullo