Olá nação.
Acabamos de vivenciar mais um vexame histórico no futebol. Após o 7×1, protagonizado pela seleção brasileira comandada pelo Felipão, na Copa do Mundo de 2014, tivemos agora o 8×2 sofrido pelo Barcelona, nas quartas de final da Champions League, contra o Bayern de Munique.
Porém, eu não vou fazer aqui uma análise tática desse jogo, até porque, acredito que essa derrota foi muito além disso. A minha ideia aqui é fazer um momento de reflexão, de que lições podemos tirar desse jogo, assim como quais lições podiam ter sido tiradas do 7×1.
Começando pelo 7×1 protagonizado pela seleção na Copa do Mundo. Esse tipo de derrota, vexatória é muito comum quando temos 2 equipes muito desiguais, tecnicamente falando. É muito comum ver esse tipo de resultado em jogos do Campeonato Paulista, Carioca, Mineiro, e até mesmo nas primeiras fases da Copa do Brasil, quando um time grande da série A enfrenta um time menor da série D. Porém, o que assustou no 7×1 foi que a diferença técnica não era assim tão gritante. Sendo assim, o que levou a tal resultado?
Simples, o trabalho técnico. O que o 7×1 nos ensinou é que, não adianta você ter a disposição grandes jogadores, se você não tem um mínimo de padrão tático. O que via-se era um bando em campo, sem o mínimo de organização e jogo coletivo, parecendo aqueles times de jogos beneficentes de fim de ano, estilo “Amigos do Zico” contra “Amigos do Cafu”, onde juntam-se estrelas do futebol com o intuito de juntar fundos para a caridade. Cada vez mais fica-se evidente que não dá mais pra praticar esse jogo de ligação direta, torcendo para que a individualidade do seu craque decida o jogo. Cada vez mais é necessário que o time tenha um jogo coletivo, com o mínimo de posse de bola e organização. Aliás, até hoje o Felipão acredita, firmemente, que a derrota aconteceu devido à ausência do Neymar. Não dá pra levar a sério.
Agora, com relação ao 8×2, acho que foi uma derrota que assemelha-se muito ao momento que nós, são paulinos, vivemos. Todo mundo sabe que o Barcelona é um grande time, com craques e tudo mais, e a diferença técnica também não era gritante para o Bayern. Porém, assim como no 7×1, era um jogo de um time com o mínimo de jogo coletivo, contra um outro time que não tinha absolutamente nada. Recomendo ao leitor olhar o perfil do jornalista do Esporte Interativo, Marcelo Bechler, onde antes do jogo ele já previa o resultado, praticamente, pois diferente de parte da mídia que faz análises rasas e nem se quer dá-se ao trabalho de acompanhar os jogos, temos nesse exemplo uma pessoa que buscou ver os jogos, estudar os times, e fez uma análise realmente completa de ambas as situações.
Porém, o ponto mais marcante foi a entrevista pós jogo de um dos jogadores mais relevantes desse time do Barcelona, Piqué. Ele afirmou: “É preciso mudar. Não é o treinador ou jogadores. Penso que é preciso mudança estrutural”. Isso remete ao momento que o São Paulo vive nos dias de hoje, sem títulos, em crise, endividado e com escândalos atrás de escândalos, o que se relaciona a tudo que eu digo quando a mídia e torcedores pedem a demissão de técnico: o buraco é muito mais embaixo!
Não adianta trocar de técnico a cada 5 jogos, achando que isso vai resolver todos os problemas, muito pelo contrário, isso só vai reforçar! Quando defendo a continuidade do Fernando Diniz, é justamente isso que defendo, é dar continuidade à um projeto, que mostrou coisas muito interessantes antes da parada, e acreditar, pois uma eventual demissão só faria o São Paulo novamente dar 10 passos pra trás e começar tudo do zero, e ainda mais no meio de uma temporada.
O que é necessário na instituição São Paulo Futebol Clube é exatamente isso que foi referido pelo Piqué, uma mudança estrutural. Não adianta o clube se profissionalizar, e continuar com esse regime de conselheiros, que não entendem nada de futebol, que apenas estão preocupados em sugar o dinheiro do clube, em ir pra piscina, e quem sabe conseguir bilhetes pra jogos e viagens internacionais, e ficam ali tumultuando o ambiente e atrapalhando tudo. Precisamos de gente séria, honesta, e profissional gerindo o clube. Se continuar assim, pode até trazer o Klopp que nada vai adiantar, vamos continuar na fila sem ganhar títulos.
Inclusive, torcedor tricolor, esse jogo do Barcelona é apenas mais um indício do que pode acontecer ao clube, do fundo do poço que nos aguarda caso nada seja feito! Já tivemos a humilhação histórica de perder de 6×1 para o time reserva do rival, o que já mostrava o péssimo caminho que estávamos a seguir, e temos agora a enorme crise vivida pelo Cruzeiro, time gigante, com história, recém rebaixado para a série B e com inúmeros casos de corrupção, crise financeira e institucional, e sem perspectivas de melhora (pelo contrário). Até quando vamos esperar até, de fato, o São Paulo virar uma Portuguesa?
Saudações!
Imagem: Manu Fernandez / POOL / AFP