[OPINIÃO] É possível sonhar com o hepta?

Nesta quinta-feira, o São Paulo volta a campo após a Data Fifa, para manter a grande sequência: nada de derrotas em 10 jogos com Luis Zubeldia, e no geral, 11 jogos de invencibilidade, contando a partida sob comando de Milton Cruz. Com tudo isso, e a tabela do Brasileirão mais analisável, vem a grande pergunta: É possível sonhar com o heptacampeonato? Voltar ao topo nacional depois de 16 anos?

Naturalmente, os olhos do são-paulino brilham pela Libertadores, mas um título brasileiro não seria menos especial. E com certeza, o incômodo pelos quase 20 anos sem conquistar a América se iguala aos 16 sem vencer o Brasileirão. E depois de muito tempo, isso é possível; desde 2014, para ser mais preciso, o São Paulo não tinha uma condição tão boa para brigar pelo título.

A razão é bem simples: a conquista da Copa do Brasil. A lavagem de alma e a alcunha de campeão de tudo já são um disco arranhado, com grande importância. Porém, tudo isso foi primordial para despachar o maior de todos os problemas: O peso da obrigação e do jejum, de não ganhar um título grande. Pianos que o time carregou por 11 anos, e que custaram três títulos recentemente; um deles, o próprio Brasileirão.

Voltemos para 2020. Com os tais 7 pontos, um grande futebol por certo período, e dois artilheiros que resolviam até nas más atuações, a pergunta “O São Paulo vai ser campeão?” se transformou em “Quando o São Paulo vai ser campeão?”. O primeiro desastre, somado ao golpe de misericórdia: a eliminação na Copa do Brasil, diante do Grêmio. Um time longe da melhor qualidade perdeu a margem de erro; só sobrou o Brasileirão, não havia mais tábua de salvação caso o título brasileiro escapasse. Sem uma blindagem emocional, o elenco foi consumido pelo medo de perder, por conta da obrigação imposta de vencer o Campeonato Brasileiro e encerrar o jejum de 8 anos. Em duas semanas, o título escapou.

Agora, um panorama bem diferente, cenário dos sonhos. Já gritamos campeão na Supercopa (longe de ser suficiente), estamos vivos em todas as competições… os mata-matas sempre parecem mais acessíveis, mas a Copa do Brasil só volta no final de julho, e a Libertadores na metade de agosto. É nessa pausa das Copas que temos a grande chance de buscar o hepta.

Se não houver novos adiamentos e problemas, são 13 jogos do Brasileirão em sequência, até a 20ª rodada. Nesse momento, o São Paulo é 4º colocado com 13 pontos, só 1 atrás do líder Flamengo. Podemos ser ultrapassados por equipes com jogos pendurados, é verdade, mas nesse princípio de disputa, o elenco se colocou em ótimas condições de buscar feitos grandiosos.

Fazendo uma média dos campeonatos de 2018, 2019, 2022 e 2023 (os 4 últimos “normais”, sem pandemia e etc), a pontuação média dos clubes que terminaram campeões, na 20ª rodada, é de 40 pontos. Com o momento atual, precisaríamos vencer 9 das 13 partidas pela frente, ou fechar em 8 vitórias e 3 empates. Se até agora, antes de ter um tempo de trabalho maior, Luís Zubeldia já conseguiu 10 jogos invicto, não é impossível conseguir essa matemática, ou uma até melhor.

É justamente nesse ponto que a conquista da Copa do Brasil ajuda e muito: mesmo que o time perca um jogo da sequência, não vai haver uma cobrança desenfreada como em 2020, afinal, o time terá uma “segunda chance” de título, seja na Libertadores ou na busca pelo Bi da Copa do Brasil. A tal da tábua de salvação que fez falta naquela ocasião.

E nada como um Majestoso, com o rival desgovernado e em grave crise, para decolar de vez no campeonato. Em 2020, vale lembrar, a arrancada de 2 meses se iniciou com a quebra do tabu no Allianz Parque.

O tabu na Neo Química Arena já ficou pra trás, mas que tal uma segunda vitória para repetir o efeito? Apenas o efeito, não o final desastroso daquele campeonato. É possível, mais do que se imagina.

João Silvino

(YouTube: João Silvino / Twitter e Instagram: @JPSilvino_2004)

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