O São Paulo e suas prioridades invertidas

O torcedor são-paulino antenado nas redes sociais deve ter notado, nos últimos dias, que o perfil oficial do clube comemorou a convocação de David Neres para a Seleção Brasileira de futebol. Além disso, há uma grande euforia pela venda de Éder Militão do Porto para o Real Madrid, uma vez que isso renderá quase 30 milhões de reais aos cofres do Morumbi. Esses exemplos apenas corroboram a mentalidade pequena do São Paulo dos últimos tempos, denotando a imagem de um clube que parece ter esquecido o real objetivo no cenário do futebol: a conquista de títulos.

Tradicionalmente, o São Paulo é um clube vencedor na essência. Desde a “moeda que caiu em pé” aos dias atuais, o torcedor tricolor se acostumou a conquistar títulos importantes e a brigar pelas primeiras posições nos torneios que disputa. Óbvio que, sem sombra de dúvidas, em um país com dez ou doze times que podem conquistar um torneio como a Copa do Brasil e alguns grandes que se revezam no Brasileirão desde 2002, não se pode exigir que um clube seja campeão sempre. Porém, o que o torcedor são-paulino espera, em respeito a sua história, é que no mínimo a equipe brigue por títulos. E isso parece não ser mais prioridade no tricolor.

A decadência da ganância no Morumbi é percebida pelo que se tem comemorado na atualidade. É comum as redes sociais do time se manifestar para parabenizar os meninos de Cotia que brilham na Europa ou suas convocações esporádicas para a Seleção nacional. Para um clube da grandeza do São Paulo, isso soa medíocre. Não que as glórias de suas crias não devam ser comemoradas – não é isso. O que deve ser entendido é que um clube como o São Paulo deve priorizar o retorno esportivo de seus garotos, e não o financeiro.

É realmente motivo de orgulho David Neres ser convocado para defender as cores do Brasil. Assim como é razão de euforia sensata aplaudir a venda de Militão ao Real Madrid e as cifras devidas ao São Paulo. Contudo, pergunta-se: onde está a essência da grandeza são-paulina?! Ver suas “joias” brilhando em outros ares agora se tornou prática recorrente, mas o que eles estão contribuindo para a instituição e para a sua história? É óbvio que está havendo uma inversão de prioridades. O São Paulo deve, sim, vender os seus jogadores para o exterior. Mas, antes disso, deve tentar extrair ao máximo os seus investimentos na formação e segurá-los para que haja um retorno esportivo.

FOTO: Divulgação.

Os dirigentes do São Paulo precisam com urgência entender que o clube não é uma empresa. O que o torcedor do São Paulo espera é ver título, não comemorar lucros. Ir ao Morumbi é tarefa hercúlea das mais fatigantes, já que, além dos títulos, estamos com um histórico ridículo até mesmo nos clássicos. E é aí que se torna lamentável ver o perfil oficial do clube dá os louros de David Neres na Seleção, não a postagem em si. Enquanto esse pensamento se mantiver, certamente o São Paulo vai se “apequenar” cada vez mais. E, no salão nobre do Morumbi, em vez de taças, os dirigentes, quem sabe, começarão a estampar fotos dos jogadores vendidos em molduras de ouro. Triste São Paulo.

Por: MATHEUS CONCEIÇÃO DOS SANTOS  
theu@hotmail.com
@tevez_matheus

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