Nem o mais azedo dos limões pode dar ao torcedor são-paulino o mesmo desgosto que sente neste fim de domingo. Um empate com o sabor da mais amarga derrota, como se tivesse acabado 4 x 0 a favor do adversário. Pela 9ª rodada do Brasileirão, o São Paulo fica duas vezes na frente do placar, mas não segura a vantagem e acaba no 2 x 2 diante do Corinthians, na Neo Química Arena.
O início não podia ter sido melhor: em grande jogada, logo aos 3 minutos, Lucas recebeu na cara do gol e conferiu, abrindo o placar. Contra um rival desgovernado e na boca do Z-4, um gol logo cedo era o melhor dos sinais, indicando uma vitória maiúscula. Mas ficou só na indicação, e pouco a pouco, com um futebol apagado e jogadores espaçados, o São Paulo foi sendo dominado, assistindo o Corinthians encaixar uma forte e eficiente pressão. Aos 31, Igor Coronado recebeu totalmente livre na entrada da área, chutou no capricho e Jandrei aceitou.
Lucas celebra o primeiro gol do São Paulo (Reprodução: São Paulo FC/Twitter)
Na reta final da primeira etapa, em uma rara boa jogada pós-gol, o São Paulo conseguiu voltar a frente, em cruzamento de Igor Vinicius que Cacá desviou contra. Mas aos 48, Luciano entregou de graça na área, Gustavo Silva chutou com precisão, e de novo Jandrei não passou perto de defender. 2 x 2.
No 2º tempo, o filme foi praticamente o mesmo. O São Paulo sem nenhuma aproximação, assistindo o Corinthians dominar de ponta a ponta. As entradas de Wellington Rato e Michel Araujo pouco surtiram efeito, e só com a expulsão de Caetano, aos 32 minutos, o panorama melhorou levemente. Na sequência, Igor Vinicius cruzou na medida, pra dentro da pequena área, e Michel Araujo parou em milagre do goleiro Carlos Miguel, no único lance de real perigo da equipe até o apito final.
Notas:
Jandrei – Para evitar processos, vamos ficar só com a nota. 0.0
Igor Vinicius – Apareceu bem no lance do 2 x 1, partida discreta. 6.5
Arboleda – Deixou Igor Coronado completamente livre no primeiro gol adversário, falha medonha. 3.5
Diego Costa – Nos escanteios, conseguiu aparecer bem e assustar. Na defesa, podia ter feito melhor. 5.0
Welington – Pouco eficiente na transição para o ataque, mas não comprometeu na defesa. 4.0
Luiz Gustavo – Uma das piores partidas de um volante no São Paulo em muito tempo. Tenebroso e até assustador em campo. 1.0
Alisson – Pouco apareceu no jogo, sem comprometer e sem destaque. 7.0
Lucas – O único a se salvar em campo, com o primeiro gol e mais um lance genial pouco depois, que merecia mais uma na rede. 9.0
Luciano – Desastre em campo, entregando a bola de bandeja para o segundo empate do adversário. É jogador de 2º tempo, as boas atuações como titular são cada vez mais raras. 3.0
Rodrigo Nestor – Péssimo, como há muito tempo não se via. 1 a menos na criação, o que prejudicou bastante. 1.0
Calleri – Se a bola não chega, não tem Romário que faça milagre. Na única que recebeu em condição mínima, serviu Lucas para o 1 x 0. 7.5
Wellington Rato – Entrou no lugar de Luciano. Não fosse a chegada providencial do marcador na única bola de potencial que recebeu, talvez tivesse decidido. Não há como cobrar muito na volta de lesão. 6.5
Michel Araújo – Substituiu Rodrigo Nestor, e naqueles lances de azar inacreditável, acabou não virando o herói do clássico. Se esforçou, mas pouco conseguiu fazer. 6.5
Ferreirinha – Entrou com muito atraso, só aos 43 do 2º tempo. E muito mal. 3.0
Luis Zubeldia – Onde estava aquele Luis Zubeldia enérgico? Reclamando da moleza como no jogo contra o Águia de Marabá? Deixou o time ser envolvido pelo Corinthians, como se fossem o Real Madrid. E mesmo com a situação já calamitosa, demorou pra mexer. 3.0
Nota geral – Uma decepção imensurável, que já liga o sinal amarelo. O time vem tendo atuações medíocres até nas vitórias, não é assim que vai erguer outra taça em 2024. 4.0
Bola cheia:
Hoje faltou tanto, que não enche nem meia bola de futebol.
Bola murcha:
Falta de aproximação – Já virou um disco arranhado até demais. Como pode o time achar normal jogar tão distante um do outro? A bola chegava no meio-campo, ninguém se oferecia pra receber na transição, e logo o Corinthians dobrava (ou até triplicava) a marcação pra retomar a posse. Não é um problema de hoje, até com Dorival Júnior acontecia. Um time que joga como caranguejo, toque pro lado a todo tempo.
Acomodação – Aparentemente, o gol de Lucas valeu por 5 e a vitória foi garantida, certo? O Corinthians teve seus méritos com uma ótima marcação pressão, mas a facilidade com a qual dominou o jogo foi assustadora. Falando a bem da verdade, certos momentos foram como um Deja Vu do São Paulo de Thiago Carpini.
João Silvino
(YouTube: João Silvino / Twitter e Instagram: @JPSilvino_2004)