O dia 25 de janeiro é conhecido nacionalmente como o aniversário de São Paulo (a cidade) e aniversário do São Paulo (clube de futebol). Por mais incrível que possa parecer, entretanto, nem sempre foi assim.
Esse é o primeiro dos dois pontos citados no título, por sinal. E vou começar por ele.
1) Aniversário?
O início da história do São Paulo é um tanto quanto confuso para quem não está inteirado nela – e, infelizmente, poucos estão. Envolve fusões, episódios obscuros e etc. Por sinal, o começo de todo clube grande de futebol é assim, via de regra. Pior: por conta da dificuldade para pesquisar itens e fontes históricas e, em alguns casos, pela falta de credibilidade do jornalismo daquele tempo, alguns pontos ficam apenas no campo da suposição.
Me parece que o melhor jeito de resolver tais questões não é na base da canetada. Mas foi exatamente isso que a diretoria capitaneada por Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco (quem mais poderia ser se não o pior presidente da história do clube?), fez.
Não houve uma consulta histórica. Ninguém da diretoria juntou alguns pesquisadores e ouviu o que eles tinham para contar. Não houve uma votação apenas para isso. Como parte da votação de um novo estatuto (que, por sinal, já foi rasgado por Julio Casares, atual e presidente subsequente a Leco), foi definido que o São Paulo foi fundado no dia 25 de janeiro de 1930, e não no dia 16 de dezembro de 1935. De uma hora pra outra, o SPFC ganhou quase seis anos de história – e um título paulista.
O intuito desse texto não é ficar dando palestrinha sobre as década de 1920 e 1930 e tudo que acontecia na elite paulistana da época que culminaram no surgimento do São Paulo. O que quero dizer é que é preciso ser justo com a torcida. Explicar o que de fato aconteceu. Propor um debate e deixar os torcedores cientes para que eles tomem um lado. Eu mesmo sempre considerei o aniversário do SPFC no dia 16 de dezembro, e não é a assinatura do pior presidente de todos os tempos que vai mudar isso – por sinal, apenas me dá mais razão.
Isso vai acontecer? Se sim, quando? Um clube mal resolvido com seu passado perde uma imensa chance de dar ainda mais orgulho no presente.
2) É preciso pensar no centenário
Assim como todo e qualquer clube, o São Paulo tem pessoas na diretoria ligadas à área financeira. Essas pessoas podem criar um fundo de investimento para ser utilizado apenas em 2030, da maneira que for: montagem do elenco, pagamento de dívidas, uma grande festa para os endinheirados e para o popular.
Hoje, existem diversas maneiras de se captar e investir dinheiro – não à toa, empresas como a XP e a Rico passaram a chamar atenção da classe média brasileira. Imagine, então, o quanto essas instituições não poderiam ajudar o São Paulo a ter um centenário digno de tão gloriosa história.
Para que tal plano dê certo, é necessário um acordo entre todos da diretoria atual e das futuras: não mexer no dinheiro, deixá-lo rendendo e utilizá-lo apenas em 2030. Parece óbvio, mas a atual diretoria tricolor (há muito tempo, na verdade) não costuma respeitar o clube. Então, é bom avisar desde já.
E, sim, é nítido que a situação financeira do SPFC não é das melhores há tempos. Mas… juntando um pouco por dia, mês e ano, imagine o quanto um capital rendendo durante SETE ANOS pode se transformar. É algo em que eu realmente investiria.
Centenários são marcantes para clubes e torcidas. E, melhor: costumam gerar grandes decepções. A única grande exceção que me lembro é o do Vasco da Gama, que conquistou a única Libertadores da América da história do clube em 1998. Os demais, poucos títulos e muitos investimentos. Que tal mostrar que o São Paulo é diferente até nisso?
Para fechar, um pitaco para unir os dois pontos propostos: caso o aniversário do clube volte a ser comemorado no dia 16 de dezembro de 1935, ganharíamos mais cinco anos para investir. Fica a dica.
Texto por: Will Ferreira (@willoferreira)