Na próxima quinta-feira (24), São Paulo e Campinense fazem o duelo de estreia das equipes no Estádio Amigão, em Campina Grande (PB) pela primeira fase da Copa do Brasil, sendo também a primeira vez que tricolores e rubro-negros se enfrentam desde 1981, quando na ocasião, o placar não saiu do 0 a 0.
O jogo terá a presença de apenas 5 mil torcedores, mesmo que a capacidade do Amigão seja de 19 mil. Isso acontece devido ao decreto estadual em combate a pandemia da Covid-19, que restringe a capacidade de 100% dos estádios da Paraíba. Além disso, o Tricolor precisa apenas de um empate para seguir adiante na competição, já que no regulamento da competição essa vantagem “favorece” o visitante. Mas afinal, quem é o Campinense? Isso que vamos contar agora.
A história da Raposa
Antes de mais nada, o Campinense já é um clube centenário, completando 107 anos no próximo dia 12 de abril, e foi fundado por 29 pessoas ainda como Sociedade Recreativa, promovendo eventos na ainda pequena cidade de Campina Grande, hoje a maior do interior da Paraiba e uma das mais conhecidas na região Nordeste, principalmente na época de Carnaval.
Depois de 30 anos sem a equipe de futebol, em 1954 o presidente e Dr. Gilvan Barbosa decide que o clube voltará, também participando de outros esportes e promovendo a prática na cidade. Pra valer, em 1959 a Raposa se profissionaliza e no ano seguinte, conquistou seu primeiro Campeonato Paraibano, após diversas polêmicas por causa da Raposa e do Paulistano, equipes de Campina Grande, serem as únicas do interior, enquanto o resto tinha como sede a capital, João Pessoa.
Nos anos subsequentes, o Campinense se tornou uma grande força estadual, brigando com o Botafogo e seu rival, Treze. Em 2008, uma campanha histórica levou o clube de volta para a Série B do Brasileirão, mas a alegria só foi no acesso, já que sem investimentos para a disputa, teve um desempenho fraco e terminou na vice-lanterna, voltando para a terceira divisão.
Entretanto, o rubro-negro paraibano é a única equipe do estado que disputou as principais divisões do futebol nacional, enquanto seus rivais ficaram pelo caminho, não passando da Série C.
O inédito título da Copa do Nordeste 2013 e o vice em 2016
Logo depois de conquistar o Campeonato Paraibano em 2012 contra o Sousa, o Campinense disputaria a Copa do Nordeste na temporada seguinte, que retornou ao calendário de competições da CBF. Em sorteio realizado no dia 13 de setembro de 2012, foi definido que a Raposa estaria no grupo D, junto com Santa Cruz, Feirense (BA) e CRB, e o favoritismo pertencia aos alagoanos e pernambucanos.
Apesar disso, a equipe do treinador Oliveira Canindé, contratado no final de 2012 fez um ótimo desempenho na primeira fase, vencendo todos os jogos em casa, incluindo um 3 a 0 contra o Santa Cruz na 3ª Rodada. Posteriormente, o revés sofrido contra a Cobra Coral no Arruda garantiu apenas a segunda posição do grupo, e nas quartas de final teria o Sport pela frente.
Depois de eliminar o Sport na Ilha do Retiro e reverter uma derrota no jogo de ida das semifinais diante do Fortaleza, o Campinense decidiu o título contra o ASA de Arapiraca, conseguindo duas vitórias (2 a 1 em Arapiraca e 2 a 0 em Campina Grande), conquistando assim a taça.
Em 2016, novamente a Raposa chegou na grande final, após uma campanha invicta na primeira fase e deixando dois pernambucanos pelo caminho (Salgueiro nas quartas e Sport nas semifinais), chegou a grande final e teria uma outra equipe da capital do frevo: o Santa Cruz. No primeiro jogo, realizado no Arruda, o rubro-negro paraibano sofreu um gol de Bruno Morais aos 47 minutos do segundo tempo, terminando 2 a 1 para a Cobra Coral, que só precisava do empate em Campina Grande.
Com o Estádio Amigão entupido, o Santa Cruz dominou as ações no primeiro tempo, e aos 26 minutos da etapa complementar, Rodrigão abriu o placar para o Campinense, tirando assim a vantagem do Santa. Aos 34 minutos, Arthur Caike aproveita o chute que bateu na marcação e no rebote, empata o jogo e deu números finais ao torneio.
A fase não é boa, e quem conta são os próprios torcedores…
Elson Vnicio é torcedor e criador do canal no YouTube “Sempre Campinense”, e durante a semana contam um pouco das informações que rodeiam o clube, além de opiniões e comentários antes e depois dos jogos. Ele conversou com o SPFC24Horas e conta para nós um pouco da atual realidade da Raposa.
“Após o ano de 2021, onde conquistamos o título estadual e o acesso para a Serie C, a expectativa para recheada temporada 2022 era grande entre os torcedores raposeiros. É bem verdade que o clube passa por um periodo de reestruturação financeiro e jurídica, e assim como no ano passado, não houveram altos investimentos no elenco, porém o fato da comunidade do trabalho da comissão técnica e permanência da maior parte do elenco gerava uma imaginação que a temporada começaria de uma maneira melhor.
Apesar da liderança no estadual (dois jogos e duas vitórias, uma por WO), na Copa do Nordeste a realidade é outra. Foram 6 jogos, com 3 derrotas, 2 empates e uma vitória, essa diante do Sousa, adversário local e com um gol de pênalti na bacia da almas. Apesar do torneio regional não ser o principal objetivo na temporada, essa competição tem um grande valor emocional para o torcedor devido ao título de 2013 e o vice-campeonato em 2016, deixando muito a desejar essa fraca campanha.”
É bom ficar de olho
O grande destaque e que precisa ficar de olho é o goleiro e ídolo da torcida, Mauro Iguatu, grande responsável pelas conquistas da equipe em 2021, sendo preponderante nas cobranças de pênalti. O Campinense disputou 4 vezes no ano passado, e Iguatu pegou pelo menos uma cobrança em todas, além de em 3 dessas oportunidades, ele garantir a vitória sendo o batedor, inclusive no jogo do acesso para a Série C.
Ele chegou em maio de 2021, e mesmo com uma relação boa junto ao Treze, clube de Campina Grande e maior rival do Campinense, prometeu fazer história no rubro-negro, citando que ele é profissional, e mesmo com essa identificação ao rival, a diretoria entendeu perfeitamente o caso.
Na última partida antes do confronto com o São Paulo, diante do Sousa pela Copa do Nordeste, o ídolo fez o gol no último lance de jogo, dando uma sobrevida para a Raposa na competição.
Quem é Ranielle Ribeiro, treinador da Raposa
Ranielle Ribeiro tem 42 anos, nasceu em Natal e era preparador físico do ABC, onde também começou sua carreira de treinador, ainda como interino em algumas oportunidades, sendo efetivado no final de 2017 e conquistando um estadual na sequência.
O natalense chegou ao Campinense em 20 de abril de 2021, e desde o começo sempre se mostrou um ótimo gestor de grupo, sendo importante na busca pelo acesso para a Série C. Porém, nessa temporada parece que a sua liderança não vem mostrando o rendimento esperado, além de usar sempre o seu esquema 4-2-3-1, variando poucas vezes os jogadores e o estilo de jogo.
Texto feito em parceria com a Sempre Campinense: Instagram | YouTube