Logo após o empate diante da Ferroviária ontem (25) a diretoria do São Paulo já havia garantido a manutenção de Dorival Júnior no cargo de treinador da equipe. A reunião desta segunda-feira serviu apenas para avaliar o trabalho que vem sendo feito até agora, sem colocar em pauta a demissão de Dorival.
Entre os presentes na reunião estiveram o presidente Leco, o diretor de futebol Raí, o coordenador de futebol Ricardo Rocha e o superintendente de relações institucionais Lugano. Foi decidido manter Dorival para o jogo de quarta-feira pela Copa do Brasil diante do CRB, de Alagoas, no Morumbi. No entanto, um fracasso na partida pode mudar todo o panorama envolvendo a permanência do atual comandante tricolor.
Jogo a jogo
Após a derrota para o Ituano na última quarta-feira (21), a pressão para cima de Dorival cresceu e o treinador recebeu um ultimato: apresentar algo melhor no domingo contra a Ferroviária.
Com o cargo em risco, o técnico viu seu time apenas empatar com a equipe de Araraquara e após o jogo muitos acreditaram na demissão imediata de Dorival. Entretanto, não foi isso que aconteceu. A diretoria decidiu dar mais uma chance, dessa vez no jogo importante da Copa do Brasil. Na quarta-feira, Dorival irá comandar o time no Morumbi novamente sob ameaça de demissão.
O torcedor tricolor já perdeu a paciência e não compreende qual a intenção da conduta tomada pela diretoria. Afinal, terá de se esperar uma catástrofe para, enfim, mandar Dorival embora? Outros já não atribuem toda a culpa ao técnico e não gostariam de ver uma demissão no momento (principalmente devido às opções no mercado).
Independente da opinião do torcedor a respeito de Dorival, a verdade é que o São Paulo tem pela frente dois jogos que podem ser decisivos para o futuro da equipe nas competições que disputa. E será nesse clima de pressão extrema que a equipe irá para eles.
Semana de decisões
Na quarta-feira, o São Paulo enfrenta o CRB pelo jogo de ida da terceira fase da Copa do Brasil. Um resultado ruim pode dificultar muito a classificação que será decidida no dia 14 de março, em Alagoas.
O CRB vai disputar a Série B do Brasileirão neste ano e, com certeza, não será adversário fácil para o São Paulo, que vêm se complicando diante de equipes paulistas que estão em divisões inferiores no campeonato nacional. Não só os recentes resultados ruins, como as atuações não inspiram nenhuma confiança no torcedor para esse confronto.
Se resistir ao jogo de quarta, Dorival viaja com o São Paulo até Lins para enfrentar o Linense no próximo domingo (4) pelo Paulistão. A equipe é a última colocada do torneio e, portanto, é obrigatório um triunfo do Tricolor. Um tropeço pode significar a saída da zona de classificação para a próxima fase do Paulista, já que o São Paulo tem apenas um ponto a mais que o terceiro colocado em seu grupo.
Na sequência enfrenta o Palmeiras fora de casa e o Red Bull Brasil no Morumbi. Três jogos para definir o futuro do São Paulo no Paulistão. Logo após a última rodada do estadual, o jogo de volta contra o CRB.
É possível que no dia 15 de março, o São Paulo já esteja eliminado de ambas as competições. Uma catástrofe completa, que o torcedor não quer nem imaginar. No entanto, não se pode descartar essa possibilidade com base nas atuações recentes da equipe.
Caso esse cenário trágico se concretize, além da inevitável demissão de Dorival Júnior, a equipe ficará quase um mês sem retornar aos gramados por partidas oficiais. O São Paulo enfrenta o Rosário Central no dia 12 de abril e três dias depois inicia-se o Campeonato Brasileiro.
O que está havendo?
A situação de Dorival Júnior é intrigante. A cada jogo, o treinador é ameaçado, o que faz com que ele tenha que pensar a curto prazo, pois não existe garantia de sua manutenção a longo prazo. Ao mesmo tempo, em suas entrevistas, Dorival se mostra exausto e desmotivado com a situação atual.
O time em campo não rende. O que abre especulações para uma possível tentativa do elenco em derrubar o técnico. Não parece ser verdade. Mas a questão é que Dorival insiste em jogadores que não estão contribuindo para a equipe. Faz alterações que enlouquecem o torcedor e deixa jogadores sentados no banco sem sequer dar uma oportunidade (Onde está o Brenner?).
Os reforços chegaram, não aqueles que Dorival pediu. Sem outra opção, o técnico tenta encaixá-los em campo, mas é visível que a formação, da maneira que está, não vai gerar frutos ao São Paulo. A perspectiva é a pior possível e ninguém ao menos sabe o que está acontecendo.
Dorival não quer mais treinar o time e está forçando uma demissão? Os jogadores não querem Dorival, por isso estão boicotando o técnico? A diretoria obriga o comandante a colocar os jogadores que ela contatou, mesmo sem ele pedir?
Os questionamentos são muitos e assim como disse Hudson em sua entrevista pós jogo, “não temos essas respostas”. Enquanto alguma coisa, que não sabemos bem o que é, acontece nos bastidores do São Paulo, o torcedor é feito de tonto na arquibancada assistindo atuações melancólicas de seu time.
Álvaro Logullo