Bruno Peres já atuou em três jogos do São Paulo, mas não deu para ver muito sobre ele, e como prometido na sua vinda, traremos mais detalhes do estilo deste atleta que herdará a vaga do Militão.
O lateral-direito de 28 anos, surgiu em 2009 pelo Pão de Açúcar, atualmente clube chamado de Audax, na temporada seguinte foi emprestado para o Bragantino, mas retornou para a equipe de formação. Em 2011 foi contratado pelo Guarani com a Série B em andamento, ajudou o clube na disputa contra o rebaixamento. Já em 2012 participou do time que surpreendeu no Paulistão, era reserva na maioria das partidas, mas sempre entrando, inclusive nas quartas de final contra o Palmeiras, e depois no clássico contra a Ponte Preta, já na final atuou como titular nos dois jogos contra o Santos, ambos ocorreram no Morumbi.
Depois daqueles jogos, chamou atenção da equipe santista, mesmo assim seguiu no clube de Campinas por mais três rodadas da Série B, até que foi contratado pelo Santos e estreou na 8ª rodada contra o Grêmio. Engatou sequência de titular, ajudou na conquista da Recopa Sul-Americana, atuou em 25 jogos do Brasileirão, ficou na reserva em apenas uma oportunidade, em outras partidas que não atuou, não estava a disposição, portanto em sua primeira temporada foi titular.
Em 2013 variou mais, foram 31 partidas, começou a temporada titular no Estadual, mas teve uma lesão depois da final do Paulistão e ficou fora das primeiras rodadas do Brasileirão, retornou na reserva, inclusive em um jogo contra o São Paulo não entrou no Morumbi. E foi basicamente assim até o fim da temporada, titular apenas seis vezes, entrou em outros seis jogos, enquanto ficou na reserva em 15 rodadas. Chegou 2014, também alternando entre partidas como titular, outras na reserva, e por vezes entrando no decorrer, de janeiro até maio foram 10 rodadas e 1 gol, mesmo assim despertou o interesse do Torino da Itália, e foi negociado.
Mesmo negociado, Bruno Peres quase parou no São Paulo de Muricy em 2014, o Torino já tinha número máximo de extra-comunitário, e o lateral poderia ser emprestado seis meses para um clube brasileiro, Muricy indicou, mas ele acabou indo para a Itália mesmo.
O começo do Torino foi questionável, seu estilo ofensivo diferente do que os italianos propõem, lhe prejudicou no começo, mas teve uma mudança de patamar, como ele relata que na 13ª rodada do Campeonato Italiano, clássico de Turim, na qual marcou um golaço contra a Juventus como conta: “Aquele gol no dérbi foi um marco pra mim. Foi um divisor de águas para muitas coisas boas que aconteceram na minha vida”, pois fazia 12 anos que o time não marcava um gol no dérbi, e mesmo com a derrota, fez história e mudou um pouco sua condição no clube.
A característica de jogo do Italiano é defensiva. Então, quando você chega na Itália, acaba aprendendo algumas coisas, a marcar, a jogar taticamente, que defensivamente você também é importante. Realmente é uma universidade, que você tem que se dedicar e tentar assimilar tudo isso que eles passam. Os italianos defensivamente sabem muito, então creio que para nós é muito bom para aprendermos com eles que são inteligentes”, disse o atleta em entrevista para o Trivela.
Bruno Peres era questionado pelo seu jeito de jogar, por muitas vezes chamado de ‘peladeiro’ no Santos, e depois no Torino, era perdido na marcação e se lançava ao ataque com muita frequência, atrapalhava a linha de 4 defensiva, mas ao mesmo tempo demonstrava habilidade e criava oportunidades ofensivas como no belo gol marcado contra a Juventus, naquela temporada foram 3 gols marcados pelo Torino em 34 jogos.
Sou um jogador muito agudo, gosto de ir para frente, na Itália aprendi a marcar, defender, era uma coisa que eu não tinha, esses quatro anos me ensinaram, são características diferentes (dele e do Militão), está na mão do treinador”, na apresentação no São Paulo.
Na temporada seguinte foram 33 jogos, novamente 3 gols marcados e 3 assistências, despertou o interesse da Roma, foi emprestado inicialmente na temporada 2016-17, fez 45 jogos, 3 gols, participou de 29 vitórias, e acabou adquirido pelo clube por R$ 48 milhões, começou 2017-18 com moral, titular na maioria dos jogos, mas acabou expulso contra o Atlético Madrid na Liga dos Campeões, e foi perdendo espaço com Eusebio Di Francesco, sendo titular apenas em 11 partidas das 30 partidas, entrou durante 3 jogos.
O lateral aprendeu muito defensivamente e taticamente, inclusive chegou a atuar jogos na lateral-esquerda, melhorou muito posicionamento, e inclusive chegou a ser cotado para a seleção brasileira, mas não chegou a ser convocado, também foi perdendo espaço na equipe italiana, no fim de 2017 já tinha sondado por clubes brasileiros, preferiu ficar na Itália. Nesta janela decidiu voltar ao futebol brasileiro, mesmo com sondagens da Europa, clubes turcos, o seu ex-time Torino, porém o atleta disse que depois de 4 anos longe, era hora de retornar.
Na Itália, Bruno Peres atuou em 136 jogos, marcou 8 gols e deu 11 assistências, foram 128 chances criadas, 166 desarmes e 80,5% de aproveitamento de passes. Deu cerca de 250 dribles, sendo que 66% foram completados, 140 interceptações e 121 cortes, a média de duelos ganhos na marcação foi superior de 50% nas quatro temporadas. Vale ressaltar que teve a experiência em jogos de Champions League e Liga Europa, ao todo foram 15, nove da Liga Europa, e seis da Liga dos Campeões, manteve as médias citadas acima, só subiu de dribles para mais de 70%.
Ponto forte – Qualidade ofensiva, o lateral como ele próprio cita, tem características agudas, parte para cima, os números de dribles mostram isso, e o aprendizado tático da Itália pode ter sido crucial, já vimos que atuou como um volante pelo São Paulo, lá no exterior chegou a ser lateral-esquerdo, portanto é polivalente, aprimorou muito este fator, portanto caso aproveite isso, e se readapte rapidamente ao futebol brasileiro, chegará em alto nível.
Ponto fraco – Diria que o quesito marcação e também ser peladeiro, mas pelo aprendizado na Itália, fica sob análise, mas entra o fator readaptação ao futebol brasileiro que é bem diferente do Italiano. Outro fator que podemos citar é a média de cruzamentos que não costuma ser boa, foi assim no Santos e na Roma.
Aguardem que traremos também a análise do Everton Felipe
Fábio Martins