Adversário nas quartas, Pintado comenta sobre momento do São Paulo e sugere: “Os profissionais lá poderiam ser mais ouvidos”

(Foto: Fábio Martins | SPFC 24 Horas)

Pintado que foi coordenador do São Paulo recentemente e é o técnico do São Caetano, adversário do Tricolor nas quartas de final do Paulistão 2018, o primeiro duelo ocorrerá neste sábado (17).

Foram duas entrevistas realizadas por Pintado, uma ao Lance! no sábado (10) e a outra nesta quinta-feira (15) pelo GloboEsporte, nas entrevistas falou sobre o reencontro ao longo da semana, projetou o duelo, comentou sobre a fase que o São Paulo vive, revelou que conversa com amigos do clube, entre outros assuntos abordados como as trocas de técnicos e se ele foi convidado para treinar o São Paulo, confira os principais trechos:

Situação do São Paulo

“Fico triste pelos amigos que tenho no São Paulo, e só tenho amigo dentro do São Paulo. É muito triste ver pessoas sérias e competentes sofrendo tanto enquanto trabalham lá dentro. Mas o São Paulo paga por erros próprios. Tive a oportunidade de estar lá dentro e indicar alguns pontos errados que poderiam chegar no futuro que vemos hoje. Mas não posso fazer mais nada pelo São Paulo. Enquanto estive lá, indiquei, mostrei, tentei fazer alguma coisa e não foi possível resolver. Agora, cabe às pessoas que estão lá tentarem resolver esse problema que é muito maior do que quando eu estava lá”, disse Pintado ao LanceNet.

Gosto especial

“Claro que tem. Não tenho mágoa nem problema pessoal nenhum. Não devo nada ao São Paulo nem o São Paulo deve a mim. Sempre serei agradecido pela oportunidade que tive. Mas tem um sabor especial, sim. Não por ter saído ou não, até porque o tempo mostra quem está certo e quem está errado. Se eu tivesse a oportunidade de ajudar o São Paulo, como estou tendo de ajudar o São Caetano, talvez as coisas não estariam nesse ponto. Mas isso já é passado. Para mim, está morto e enterrado. Não tenho nenhuma mágoa, não me dói mais nada. Sou um homem e um profissional muito feliz por trabalhar no São Caetano em um momento muito bom e positivo”, revelou o treinador do São Caetano em entrevista para o Lance!Net.

Troca de técnicos

“Vejo isso de uma maneira muito objetiva e clara. As pessoas que escolhem o treinador precisam tentar, pelo menos, seguir um planejamento com o mínimo de identidade do clube, da maneira como o clube joga, conquistou títulos e construiu uma história, para minimizar as dificuldades da profissão, que são calendário, lesões, adversários de muita qualidade, como temos dez candidatos a título no Brasil. Precisam idealizar esse caminho para, na hora da dificuldade, dar seguimento a isso. Se você não sabe para onde quer ir, a qualquer momento pode querer mudar a rota. Quando você sabe o caminho e tem profissionais competentes ao seu lado, sabe que tem uma subida pesada, mas engata a primeira marcha, vai devagar, mas sobe. Quando você não sabe para onde quer ir, fica muito difícil manter treinador, diretor, jogador.”

São Paulo favorito

“Na verdade, pela minha experiência, sei que grande equipe tem pressão e responsabilidade sempre. Claro que temos pés no chão e sabemos que o São Paulo é favorito, maior do que o São Caetano, tem toda força de elenco, poder financeiro e tudo que conhecemos da estrutura do São Paulo. Mas o São Caetano tem profissionais muito capazes de enfrentar qualquer dificuldade e arma que o São Paulo possa ter. Para nós, é motivo só de motivação. Esse momento difícil do São Paulo não nos ajuda em nada, trabalhamos sem pensar que teremos qualquer facilidade”, o treinador do São Caetano acredita na zebra e frisou isso para o Lance!

E reforçou na entrevista para a Globo sobre a situação: “O São Caetano não tem o objetivo de só passar pelo São Paulo ou só vencer mais um jogo. O São Caetano quer chegar o mais longe que puder. Não colocamos limite até onde a gente vai. Vamos lutar até o último minuto do último jogo para buscar um caminho mais longe, a maior conquista que a gente possa, porque o momento é muito bom, muito positivo, queremos colher frutos de onde a gente puder.”

Jardine

Antes de Aguirre ser anunciado oficialmente, esperava-se um duelo entre Jardine e Pintado, que trabalharam junto, não ocorrerá diretamente, pois sobre a chance de enfrentar o ex-técnico do sub-20, Pintado tinha dito para o Lance!: “Fui auxiliar do André quando ele assumiu o São Paulo (em 2016) e ele foi o meu quando assumi (em 2017). A gente se conhece relativamente bem. Para mim, é motivo de alegria ele ter essa oportunidade porque merece. Infelizmente, não é no momento e da maneira que ele gostaria, mas é a oportunidade que aparece. O André é preparado e conhece o caminho das pedras dentro do São Paulo, sabe o que vai encontrar pela frente. E eu estou muito motivado porque será um jogo muito difícil. Não será André Jardine contra Pintado, mas São Caetano contra São Paulo. Isso gera atenção especial e todo esforço para que as coisas saiam bem.”

Novo técnico no SP

Para a Globo, Pintado disse sobre as mudanças de técnico: “Se você não planejar, se você não visualizar um caminho que queira, é muito difícil chegar a um objetivo, é impossível se não sabe para onde quer ir. Você tem que encontrar esse caminho, com as pessoas capazes, com as pessoas do futebol, e isso eu falei dentro do São Paulo, fui muito claro lá dentro, falei que na minha opinião precisa encontrar, planejar e seguir esse planejamento.”

Chance de técnico no Morumbi

Pintado nunca escondeu que sonha em trabalhar como técnico do São Paulo e falou que nunca foi convidado para tal: “Na verdade, nunca houve essa conversa de virar técnico do São Paulo, nem por mim nem pela diretoria. O que eu fiz foi assumir interinamente o time por quatro jogos, neles eu ganhei três e perdi só um, contra o Santos, na Vila.”

Profissionais com ‘voz’

Ainda sobre o momento vivido pelo São Paulo, Pintado deu sua opinião sobre o espaço e respaldo aos profissionais: “Acho que os profissionais lá poderiam ser mais ouvidos, poderiam ter um pouco mais de oportunidades de falar o que estão vendo errado. Agora é importante que as pessoas que dirigem aceitem a informação, pelo menos avaliem se esse profissional é capaz de identificar as dificuldades que o São Paulo vem tendo. É isso que eu enxergo.”

Fábio Martins

Formado em jornalismo, ADM do SPFC 24 Horas desde 2012 e principal responsável pelo site e redes sociais desde 2014. Twitter: @fbiomartins1

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