Podem dizer que é clubismo, ou o famoso chororô. Há também os que dizem “era só ter feito a melhor campanha”. Essa última frase tem sua parcela de verdade, mas não anula o absurdo que foi decidido pela Federação Paulista de Futebol, na manhã desta terça-feira (4).
Quando o futebol brasileiro normalizou a realização de clássicos em uma noite de segunda-feira? E ainda por cima, um clássico válido pela semifinal de um campeonato estadual, que depois de 6 anos, volta a ter os principais times? Salvo na época da pandemia, é uma decisão lamentável, um novo normal que jamais poderia ter começado de forma voluntária.
O futebol paulista, o clássico Choque-Rei, e principalmente o torcedor saem perdendo. Um estádio que poderia estar lotado em uma tarde de sábado (e aqui não importa de qual a torcida), com certeza terá buracos. Toda uma aura por trás de um grande clássico se perde, a expectativa que vai nascendo durante a semana… e tantos torcedores, que poderiam ficar de segunda a sexta pensando e se empolgando com a decisão, sequer vão assistir um grande duelo – o 8º mata-mata entre São Paulo e Palmeiras desde 2019. Ao invés de estarem em casa, ou reunidos com outros amigos e torcedores, poderão estar presos no transporte público, com a cabeça em qualquer lugar, menos no futebol.
É verdade que partidas durante a semana não são novidade, volta e meia caímos na discussão sobre os horários do futebol entre terça e quinta-feira. Porém, uma coisa é um jogo pela Libertadores ou Copa do Brasil, realizados em tais datas desde que o mundo é mundo. Outra coisa é um clássico que poderia muito bem acontecer no sábado, ocorrendo no “pior” dia da semana, onde até pouco tempo atrás, sequer existiam jogos razoáveis de futebol. Quem inventou essa ideia?
Se o clássico pode ocorrer no final de semana, que ocorra. Agora, se realmente for preciso uma data no meio da semana, esperamos ao menos um bom motivo para tal, como um encontro pela Copa do Brasil ou pela Libertadores. Lugar de clássico é no sábado ou no domingo.
E a história dos shows não é desculpa válida, nem aqui nem na China. Quando o Morumbi era o palco dos eventos, Rogério Ceni deixou de marcar o centésimo gol em casa, sediamos um Majestoso pelo Brasileirão no Pacaembu… até um mata-mata de Paulistão, em jogo único e com nosso mando, foi em outro estádio, em 2011. Apesar das intercorrências, tudo isso ocorreu em um final de semana. Ninguém mandou virar inquilino do próprio estádio, não é mesmo?
São Paulo x Portuguesa, pelas quartas de final do Paulistão 2011, ocorreu em Barueri.
(Reprodução: GE)
Mais uma vez, terá que ser contra tudo e contra todos. Além do Palmeiras, um gramado que com certeza estará em condições duvidosas, dia e horário pavorosos… o São Paulo luta pelo 23º título, por uma vaga na final após três anos. A fase não é boa, mas apoio nunca faltou, e não será agora que vai faltar.
