A Primeira Passagem

Cuca retorna ao São Paulo 15 anos depois

Amanhã o São Paulo voltará a campo para decidir uma vaga na final do Campeonato Paulista. Vagner Mancine que assumiu a equipe de modo interino desde a saída de Jardine, terá ao seu lado o novo comandante técnico do clube. Alexi Stival popularmente conhecido como Cuca, retorna ao Tricolor 15 anos depois de sua primeira passagem pelo Morumbi. Cuca chega com a missão de colocar o Mais Querido nos trilhos e fazer com que o torcedor são-paulino possa sonhar novamente com títulos. O treinador retorna com muita experiência, conquistas e convicções que foi adquirindo ao longo dos trabalhos realizados em outros clubes. Desta vez, Cuca tem um nome, uma história dentro do futebol brasileiro. Momento bem diferente do que viveu em 2004, quando desembarcou em São Paulo para assumir o primeiro grande trabalho de sua carreira. Fizemos um resumo de como foi a primeira passagem de Cuca pelo Tricolor do Morumbi.

ANTES DE CHEGAR

Para entender o contexto da contratação de Cuca naquele período, primeiro precisamos entender o segundo semestre de 2003 pelos lados do Morumbi. O São Paulo não conseguia grandes conquistas e a torcida amargava uma ausência na Libertadores de 10 anos. Em maio daquele ano Oswaldo de Oliveira deixou o comando da equipe e a diretoria cogitou uma série de nomes para assumir o cargo. Emerson Leão não aceitou sair do Santos. Tite não aceitou a proposta salarial. Toninho Cerezo teria pedido um salário fora da realidade, Muricy não quis deixar o Inter-RS e Ricardo Gomes não queria sair da seleção sub-23. Sem alternativas Marcelo Portugal Gouvêa acabou efetivando Roberto Rojas que era o treinador de goleiros. Rojas mudou completamente o esquema tático e conseguiu terminar o Campeonato Brasileiro de 2003 na terceira colocação, classificando assim o Tricolor para Libertadores do ano seguinte.

Apesar do feito, Rojas não era considerado experiente o bastante para comandar o São Paulo no torneio continental e Juvenal Juvêncio, então diretor de futebol, queria um técnico mais disciplinador. Cuca tinha feito um excelente trabalho à frente do Goiás, pegando a equipe como lanterna do brasileiro e fazendo a melhor campanha do returno daquele ano. O jovem treinador tinha assumido uma equipe que havia ficado na última (24ª) colocação do campeonato nacional por 80 dias e terminará a competição na 9ª colocação. A diretoria apostou no jovem talento e em 11 dezembro de 2003 fechou a contratação.

O NOVO TRABALHO

Cuca chegou e logo fez suas primeiras indicações ao clube. Fabão, Grafite e Danilo eram jogadores titulares do treinador no Goiás e foram os primeiros a chegar. O zagueiro Rodrigo da Ponte Preta, o meia Vélber do Paysandú e Cicinho saindo do Atlético-MG completaram a lista. Com pouco tempo de trabalho a equipe foi ganhando a cara do novo treinador e no primeiro campeonato que disputou demonstrou um novo padrão de jogo. No Campeonato Paulista de 2004 o São Paulo fez uma primeira fase impecável. Em 9 partidas a equipe conquistou 8 vitórias e 1 empate. Melhor campanha geral com 92,5 % de aproveitamento. O problema foi que, bastou uma partida ruim da equipe do Morumbi para eliminar o time da competição. Em jogo único pelas quartas de final, o São Paulo foi batido dentro de casa pelo placar de 2 a 0 pelo São Caetano. Os gritos de “time  pipoqueiro” estavam de volta. Com o fracasso no regional, as atenções se voltaram para a Copa Libertadores. Assim como no paulista, a campanha da primeira fase no torneio continental foi excelente.

Quinze pontos conquistados e classificação em primeiro lugar do grupo. Nas oitavas de final, um dos jogos mais dramáticos já vivenciados por muitos torcedores. Após uma derrota pelo placar mínimo na Argentina contra o Rosário Central, o tricolor venceu por 2 a 1 no Morumbi e conquistou a classificação nas penalidades.  Nas quartas o Mais Querido não tomou conhecimento dos venezuelanos do Deportivo Táchira. Venceu fácil dentro do Morumbi por 3 a 0, e no jogo de volta goleou os donos da casa por 4 a 1. O sonho do tri parou na fase seguinte. Contra o desconhecido Once Caldas, o São Paulo não fez o dever de casa e a partida terminou em 0 a 0. Na Colômbia acabou perdendo por 2 a 1 e encerrou a participação depois de tantos anos longe do torneio.

A DERROCADA

Após a eliminação na Libertadores, problemas internos começaram a aparecer na mídia. Cuca parecia não ter mais o vestiário em suas mãos e brigas com Marco Aurélio Cunha e Rogério Ceni eram ventiladas. Juvenal Juvêncio pressionava Marcelo Portugal para demitir o treinador, mas o presidente insistiu que o trabalho deveria continuar. Até porque, o time vinha fazendo uma boa campanha no Campeonato Brasileiro. No momento da eliminação na Libertadores o Tricolor ocupava a 3ª colocação no nacional com o mesmo número de pontos do líder e vice-líder, perdendo apenas no saldo de gols. Em agosto o treinador quase deixou o clube por conta de uma proposta milionária do Al Helal da Arábia Saudita, mas no fim, Gouvêa o fez continuar, só que a relação entre o treinador e a diretoria não era mais a mesma.

Cuca reclamava nos bastidores e nos microfones que após a perda da Libertadores o clube não havia reposto as peças perdidas. No dia 03 de setembro de 2004, Cuca anunciava sua saída do São Paulo. Sem conseguir segurar as lagrimas na coletiva, o treinador disse que sentiu ser hora de encerrar o trabalho e que os jogadores já não rendiam o mesmo sob seu comando. Cuca deixou o clube na sétima colocação do Brasileiro com 45 pontos, sendo 13 vitórias, 6 empates e 9 derrotas. Aproveitamento de 53,6%. No dia seguinte a diretoria anunciava a chegada de Emerson Leão que terminou a temporada deixando a equipe na 3ª colocação. Somando todos os resultados, Cuca teve um aproveitamento de 64,1%. Com 51 partidas sob seu comando o São Paulo conquistou 30 vitória, 8 empates e 13 derrotas. No ataque foram 87 gols marcados e 48 sofridos.  

Cuca foi uma aposta da diretoria são-paulina que de certo modo foi acertada. Os números do treinador foram expressivos, mas como no futebol os títulos falam mais alto, Cuca sucumbiu como todos os treinadores, veteranos ou não. Muitos torcedores atribuem a ele o começo da formação do time que viria a conquistar a américa e mundo novamente. Que nesse novo ciclo ele consiga o sucesso, o algo a mais, na verdade títulos que sempre serão os medidores de bons ou maus trabalhos.

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Adriano Carvalho – Twitter  @AdrianoC80            

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