Entenda a gravidade da lesão do Luciano!

Foto: Rubens Chiri / saopaulofc.net

Por Nágela Freitas. Fisioterapeuta – Especialista em Ortopedia e Traumatologia (UNIFESP)

O São Paulo terá um desfalque importante na partida contra o Atlético, na quarta-feira, no Morumbi, pela 26ª rodada do Campeonato Brasileiro. Jogo esse extremamente importante para a permanência na liderança do campeonato brasileiro.  

Luciano sofreu uma lesão muscular no jogo contra o Corinthians e teve que sair de campo, no momento o jogador apontava para a região da virilha e demonstrava muita dor na região e limitação de movimento. 

O jogador realizou ressonância magnética que detectou um pequeno estiramento no músculo adutor da perna esquerda. Agora ele se recupera do REFFIS e ainda não foi dada nenhuma previsão para seu retorno.

Mas afinal que tipo de lesão foi essa? Vamos entender um pouco. 

Inicialmente é importante entendermos a anatomia da região. Essa região envolve um grupo de músculos responsáveis pela adução – “fechar a perna” e em atividades que envolvem mudanças frequentes de direção. 

São eles: adutor longo, adutor curto, adutor magno e adutor mínimo, juntamente com o pectíneo e o grácil.

Não foi especificado qual ou quais desses músculos foi lesionado. Mas o adutor longo é o músculo mais comumente lesado e é responsável por 62% a 90% dos casos. 

Mas saibam que ESTIRAMENTO é diferente de DISTENSÃO

A distensão afeta especificamente os tendões e a junção músculo-tendínea, que são as ligações entre um músculo e um tendão.

Já o estiramento muscular ocorre após o músculo ser alongado além do seu limite, as fibras presentes no músculo sofrem lesões e causam dor e uma sensação de estalido. É comum devido ao excesso de uso, o que explicaria pelo fato do Luciano ter jogado jogos seguidos e por muito tempo.

Sempre se deve observar o condicionamento físico do atleta, como foi feito o aquecimento, condições climáticas e o estado de equilíbrio emocional, se o atleta lesionado foi muito exigido na competição, são vários fatores que são essenciais para a preparação física integral e multidisciplinar de um atleta de alto nível que muitas vezes não é levado em consideração. 

A intensidade da dor é variável e piora com o movimento, por isso Luciano ao tentar retornar percebeu que a intensidade da dor aumentou e pediu para sair. 

Agora falando sobre o retorno do atleta aos gramados é importante entendermos que depende de alguns fatores e um deles é o GRAU da lesão.

GRAU 1: é o estiramento de uma pequena quantidade de fibras musculares (lesão em menos de 5% do músculo). Ocorrem danos mínimos, a hemorragia é pequena, a resolução é rápida e a limitação funcional é leve, ou seja, o prognóstico é de retorno rápido.  Retorno: 1-2 semanas. 

GRAU 2: neste grau o número de fibras lesionadas é maior (entre 5 e 50% do músculo). Basicamente com as mesmas características do grau 1 porém mais acentuado. Neste caso o retorno pode ser mais demorado. Retorno: 4-5 semanas. 

GRAU 3: No grau 3 ocorre ruptura completa do músculo ou de grande parte dele (acima de 50%). Grande perda de função e com presença de “gap”, defeito palpável na estrutura do músculo. Retorno: 2-3 meses. 

Então o ponto é esse, dificilmente os clubes específica a lesão e grau e em consequência fica difícil um “norte” sobre retorno ao esporte. Porém, conforme literatura, a maioria dos estiramentos do  músculo adutor são de grau 1 ou 2. Menos mal! 

O tratamento conservador (sem cirurgia) consiste basicamente em uso de medicamentos como anti-inflamatório e fisioterapia precoce. Passada a fase aguda, o objetivo é fornecer condições para que a musculatura cicatrize ao mesmo tempo em que se minimiza a perda da força e da função da musculatura.

Foto: LANCE!

Na imagem acima o jogador Luciano está realizando Terapia por Radiofrequência Direcionada. Vem se mostrando um recurso eficaz para o tratamento de lesões musculares. A finalidade é elevar a temperatura tecidual a níveis que possam favorecer respostas fisiológicas perfeitamente controláveis. Definitivamente atleta de alto nível tem acesso a tudo que se tem de “padrão ouro” no tratamento de lesões. 

Agora o cuidado é que se cumpra plenamente o planejamento de retorno e treinamento para a manutenção. Negligenciar lesões musculares pode levar à recidiva e consequente agravamento da lesão. 

Nágela Freitas (@nahfreitas42)

Fisioterapeuta Especializada em Ortopedia e traumatologia (UNIFESP)

Gustavo Marinheiro

Meu nome é Gustavo Marinheiro, sou estudante de Jornalismo, fotógrafo e professor. Escrevo há 3 anos, sendo sobre o São Paulo há 2.

Este post tem um comentário

  1. Amorim

    É lamentável que um clube tenha tantos jogadores a disposição mas nenhum tanto capaz de resolver o tanto o quanto ele precisa .

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